Esse daí vai pra Saavedra. Obrigado por me indicar esse disco!
Bem, minha primeira resenha desde a minha ausência. Mas digo que foi bom ter feito esse gelo. Do inicio do ano pra cá tenho lido bastante. Isso fez com minhas produções textuais amadurecessem em grande escala. Vejo resultados significantes da minha leitura.
Parando com esse papo e falando de música, o disco Festa dos Deuses (1992) do Hermeto Pascoal é um disco complexo. Eu mesmo não compreendi tudo o que ele passava. Mas uma parte eu consegui captar. Hermeto Pascoal é um instrumentista de 74 anos, nascido em Alagoas, na Canoa da Lagoa. Ele grava todos os instrumentos de seus discos, compõe as melodias e dá as idéias. Só o fato do compositor ser nordestino muda as coisas. Na minha opinião aquele que é nordestino de raiz valoriza sua cultura, e, com ela, abre novas fronteiras. Um bom exemplo disso é o Movimento Mangue Beat, com Chico Science e Fred 04. Esses dois representantes de um dos manifestos mais conhecidos mundialmente, revolucionaram a música pernambucana. Misturando importantes estilos musicais nordestinos com o rock, o pop e o hip-hop, o movimento criou um novo conceito de música para os pernambucanos que é lembrado até hoje.
A complexidade do disco de Hermeto Pascoal tem o mesmo papel que o movimento mangue: dar um novo conceito à música. Nessa arte, ele junta vários instrumentos típicos brasileiros e outros de fora, criando um jazz mais que experimental, um jazz revolucionário. Não usa compassos quatro por quatro como a música popular, nem se preocupa com letra, quando ele pode transmitir tudo o que quer através do título e da melodia. A progressividade do ritmo e as notas mescladas fazem a música do multi-instrumentista ter reconhecimento que tem hoje.
Esse disco é de se escutar e concluir: Isso é o Brasil, essa é a nossa carteira de identidade.